História de Chapeuzinho Vermelho (com resumo, análise e origem)
A história da Chapeuzinho Vermelho, contada há séculos, surgiu na Idade Média, a partir da tradição oral dos camponeses europeus.
Conta sobre uma garota que atravessa a floresta para visitar sua avó doente, mas no meio do caminho é enganada por um lobo mau.
Como o final da história original era trágico - o Lobo devorava a avó e a neta - no século XIX, os irmãos Grimm alteraram a narrativa e acrescentaram a figura do caçador, que salva todos e garante um final feliz.
Resumo da história
Era uma vez uma bela e ingênua menina que vivia com a mãe. Ela era encantada pela avó - e avó por ela.
A menina usava sempre uma capa com capuz vermelho, por isso era chamada por todos de Chapeuzinho Vermelho.
Um belo dia a avó adoece e a mãe de Chapeuzinho pergunta se a menina poderia levar algo para a avó comer. A casa da menina ficava na vila e a da avó no meio da floresta, a uma certa distância.
A menina prontamente se mostra disposta a ajudar. A mãe lhe entrega uma cesta com o alimento e lhe dá ordens claras para que não fale com estranhos e siga pelo caminho mais curto.
Ainda no início do caminho rumo a casa da avó, a garota é interrompida por um Lobo, que se mostra muito gentil.
Ele puxa conversa e pergunta para onde ela vai. Chapeuzinho, ingênua, cai na conversa do Lobo e diz que vai levar quitutes para a avó, que está adoentada.
Ele sugere então que a menina siga por um determinado caminho, para colher flores para a vovozinha.
Enquanto isso, o malvado segue por um caminho mais curto e chega na casa da avó primeiro.
Quando a avó pergunta quem bate à porta, o Lobo se faz passar pela menina. A avó, também ingênua, ensina-o a abrir a porta. Assim que vê a velha, o Lobo mau a devora de uma só vez.
Ele então coloca as roupas da avó e se deita na cama, esperando que a menina chegue. Quando Chapeuzinho bate na porta, o Lobo responde como se fosse a avó, enganando-a.
A garota percebe algo estranho na "avó" e então tem a seguinte conversa:
— Ó avó, que orelhas grandes você tem!
— É para melhor te escutar! - responde o lobo.
— Ó avó, que olhos grandes você tem!
— É para melhor te enxergar!
— Ó avó, que mãos grandes você tem!
— É para melhor te agarrar!
— Ó avó, que boca grande, assustadora, você tem!
— É para melhor te comer!
O Lobo, muito malvado e rápido, devora também a pobre menina.
Depois de comer a avó e a neta, o Lobo se deita na cama para tirar um cochilo.
Por sorte, um caçador passa em frente a casa e acha estranho o barulho do ronco que vem de lá de dentro. Ao entrar na casa depara-se com o Lobo, de barriga cheia, deitado na cama.
O caçador teme atirar no Lobo com a sua espingarda sem antes tentar salvar quem estava dentro da sua barriga. Então habilidosamente, com uma faca, abre a barriga do Lobo e consegue salvar a menina e a avó.
Chapeuzinho Vermelho após ser salva pega algumas pedras grandes e junto com a avó e com o caçador, enche a barriga do Lobo. Quando acorda, o vilão com as pesadas pedras na barriga, sente as pernas bambearem e cai morto.
Então para comemorarem, o caçador, a avó e a garota se deliciam com os quitutes que Chapeuzinho levava na cesta.
Análise da história
A história da Chapeuzinho coloca frente a frente dois lados: uma protagonista ingênua e vulnerável, e um antagonista grande, forte e poderoso. Ao desobedecer a mãe e seguir por um caminho mais longo, Chapeuzinho, sem saber, coloca em risco sua própria vida.
Dessa forma, podemos compreender o conto como uma advertência e alerta para que se tome cuidado com pessoas desconhecidas. É sempre bom ter um pouco de "malícia", no sentido de perceber quando querem nos enganar.
As duas faces de chapeuzinho
É curioso que a menina tenha maturidade para escolher desobedecer a mãe (que é uma figura em quem confia), mas ao mesmo tempo se mostre ingênua para acreditar nas palavras de um desconhecido.
As figuras masculinas da história
Outro ponto importante a se ressaltar é a oposição entre as únicas duas figuras masculinas do conto.
Vale lembrar que a família da Chapeuzinho é formada exclusivamente por mulheres - a mãe e a avó. Porém, tanto quem a condena quanto quem a salva são representantes do sexo masculino.
Se por um lado o Lobo é a representação da crueldade, da violência e do instinto selvagem, por outro o caçador é o representante do altruísmo, da proteção e da generosidade.
Diferenças entre as versões de Perrault e irmãos Grimm
Na versão dos irmãos Grimm, a mais conhecida e a que mais agrada o público, vemos um final marcado pela justiça. Quem comete o crime é condenado. Assim, o "bem" vence o "mal".
O Lobo morre com pedras na barriga e, após a sua morte, o caçador leva a pele do animal para casa enquanto a avó comemora comendo os bolinhos e bebendo o vinho.
Na versão de Perrault a história termina com a avó e a menina devoradas. Após o encerramento, esse autor inclui uma moral da história:
Vê-se aqui que crianças jovens, sobretudo moças belas, bem feitas e gentis, fazem muito mal em escutar todo o tipo de gente; e que não é coisa estranha que o lobo tantas delas coma. Digo o lobo, porque nem todos os lobos são do mesmo tipo. Há-os de um humor gracioso, subtis, sem fel e sem cólera, que — familiares, complacentes e doces — seguem as jovens até às suas casas, até mesmo aos seus quartos; mas ai! Quem não sabe que estes lobos delicodoces são de todos os lobos os mais perigosos.
O pequeno trecho traduz a sua preocupação pedagógica de orientar as moças, que, ingênuas, acreditam no que quer que digam.
Na versão de Perrault, Chapeuzinho carrega bolo e manteiga, já na dos irmãos Grimm são alguns bolinhos e uma garrafa de vinho.
Origem de Chapeuzinho Vermelho e versões
Nas versões originais transmitidas oralmente por camponeses medievais, havia vários elementos grotescos, sensuais e até mesmo obscenos que acabaram sendo retirados por narradores posteriores.
Em 1697, Charles Perrault publicou a primeira versão da Chapeuzinho Vermelho, adaptada dessas tradições orais. No entanto, a história não foi muito bem recebida pelos pais, que se negavam a contar para os filhos uma narrativa violenta e sem final feliz.
Na versão seguinte, a dos irmãos Grimm, por sua vez, a menina e a avó são salvas quando um caçador descobre o acontecido e se propõe a salvar as vítimas e castigar o Lobo.
O empenho tanto de Perrault quanto dos irmãos Grimm era mostrar uma história moralmente edificante que ensinasse as crianças e mulheres jovens sobre os perigos da vaidade e da ingenuidade.
Diversas versões da história têm sido escritas ao longo do tempo, entre elas destaca-se, além das dos Grimm e de Perrault, The Little Girl and the Wolf, de James Thurber, e Little Red Riding Hood and the Wolf, de Roald Dahl.
A história também foi adaptada para o cinema e resultou em filmes como A companhia dos lobos (1984), de Angela Carter, e a Freeway – Sem saída (1996), de Matthew Bright.